Com o assassinato dos inocentes adolescentes na cidade do Rio de Janeiro nessa semana, precisamente nesta quinta - feira dia 14/04/ voltamos a cena com a teoria do Direito Penal do inimigo, criado por Günther Jakobs , cientista do direito, nascido na Alemanha, tendo estudado nas Universidades de Colonia, Kiel, e Bonn, tendo graduado-se nesta última em 1967 onde defendeu a tese sobre direito penal e doutrina da competência. Em 1971, obteve título de advogado em Bonn, mediante um trabalho sobre a negligência no delito de resultado, e no ano seguinte ocupou sua primeira cátedra em universidade também Alemã. É ele quem desenvolve a teoria do ”Direito Penal do Inimigo em contraposição ao Direito Penal do cidadão”, Jakobs coloca a sociedade no centro do sistema, ficando o homem apenas como um subsistema. Seres humanos são subproduto da sociedade, segundo ele. Enquanto a maioria dos autores colocam a dignidade da pessoa humana como centro do sistema, JAKOBS faz o contrário e coloca no centro do sistema a sociedade. Para JAKOBS pessoa é um conceito jurídico, sujeito de Direitos e Obrigações em obediência ao seu papel social. A pessoa que joga fora seus atributos de pessoa jurídica deixa de ser vista como tal, não lhe sendo concedido os devidos princípios do processo penal democrático”. Nada de novo na realidade, pois teses similares já eram defendidas no século XVII, por Thomas Hobbes e John Locke, dentre outros pensadores principalmente este último quando afirma que” de um lado está o transgressor da lei que se declara em estado de guerra. Do outro, o guardião e executor da lei,que, por isso, tem o direito de guerra de castigar o malfeitor. Observa o criminoso e a vítima inocente: não se trata de “guerra de todos contra todos”, mas de alguns ( contrários à razão) contra os demais (dotados de razão). No estado de guerra assim descrito, a paz não pode ser alcançada por um acordo, mas pela rendição do criminoso e, mais do que isso, pela reparação dos danos causados. Se é o transgressor que inicia a guerra, esta, só termina quando o criminoso for castigado devidamente”. Hobbes afirma que o “os homens não são irmãos. Ao contrário, são inimigos, capazes de matar um ao outro. O homem assinala ele, na verdade é o lobo do homem.” Pois bem, esse gesto insano acontecido no Rio de Janeiro, veio demonstrar que de fato o homem é o pior entre os animais, e nós que defendemos os seres humanos em todas as esferas, e combatemos o Estado pela sua força, pela sua preocupação apenas em arrecadar, deixando de cumprir o seu papel de nos defender adequadamente, numa situação dessa pergunto como podemos nos situar como seres humanos? Como defender um assassino desse porte? A resposta deve ser no sentido de colocar os direitos humanos ao lado das vítimas, não ficar procurando desculpa em favor desse assassino porque aqui ele não pode ter o direito de “ter lá suas razões”, falo pelo estado de inocência das vítimas, e coloco sim, também culpa no Estado, a quem delegamos poder para nos proteger e não nos protege, portanto,inimigo do povo nessa hora, não deixa de ser esse Leviatã, que numa situação como essa, onde tudo era previsível, nenhuma medida adequada tomou, restando a todos nós lamentar, cobrar incessantemente e culpar nossas autoridades, posto que ainda não saímos do estado da natureza, continuamos primitivos e em permanente estado de guerra, tendo assim, falhado nossos governantes, afinal, não somos seres humanos, na contabilidade do Estado, somos apenas números. Lamentavelmente, Hobbes, Locke e agora Jakobs, confirmam as suas teses, eles estão com a razão e o reparo é apenas no sentido de que não dá para confiar no Estado !
sexta-feira, 8 de abril de 2011
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Digo somente que concordo com tudo que está escrito. Mais uma excelente e pertinente contribuição para a gente refletir. Continue assim Dr. Joel,pois o que não aprendemos na escola, aprendemos aqui com o senhor. Yuri
ResponderExcluir( Uniso )
Será que alguém entre as autoridades vão tirar alguma lição ou já esqueceram tudo ? E a imprensa que falou mais do criminoso do que os soldados heróis? confesso que não sabia que no Rio de Janeiro tinha policial honesto, apesar de seus politicos sujos, nem tudo está perdido lá.
ResponderExcluirGaribaldo ( Itu/SP )
Eu não confio no estado e acho que quem confia é burro, o negócio é cada um pra sí e Deus por todos, melhorar não vai nunca, em lugar nenhum,
ResponderExcluirmas eu quero saber se essas mortes não foi por influência dos outros países,porque la fora isso
acontece tambem, e muito mais.Dinamo Roberto
Pereira de Souza (Rio Acima/Votorantim/sp)
Independente da ação e lição de filosofia que o texto traz, o certo é que quem paga a conta são sempre os inocentes.
ResponderExcluirNossa, que manifestação bacana e sábia, nunca havia atentado para isso apesar de advogado militante já à cinco anos. Vou começar a ler um pouco de filosofia, pois quem sabe consiga eu, entender melhor o direito.Bom para nós isso. (Maria de Lourdes/Sorocaba)
ResponderExcluirCarissimos(as), tal tragédia expõe sobremaneira as deficiências de nosso sistema social. De um lado temos somente a certeza de que o autor era um assassino, posto que morto. De outro, vemos como existem "oportunistas de plantão", assim como "especialistas em coisa nenhuma", sempre a nos brindar com suas bestiais conclusões. Essa tragédia estava delineada de muito tempo, e não haveria qualquer legislação, por mais repressora que fosse, hábil à evitar a tragédia. Todavia, o pior ainda está por vir, que a revogação da vontade popular externada no referendo passado por mero decreto. Isso afeta a segurança jurídica do País. Isso afeta o Estado Democrático de Direito.
ResponderExcluirAcho que tem gente precisando estudar um pouco de filosofia e também procurar conhecer um pouco
ResponderExcluirde história e da evolução humana, para poder entender o que é Estado Democrático de Direito.
Para não confundir segurança jurídica, afirmando uma coisa pensando que é outra. segura peão! Luiz Alfredo ( prof. de história contemporânea)
Primorosa observação nobre Professor de História Contemporânea. Estaria eu enganado ou tivera a honra de haver sido vosso aluno em tempos idos na Universidade de Harvard... Ou seria em Oxford??? Quão alegria e festa em meu coração por havê-lo encontrado neste debate. Otaviano Macphee.
ResponderExcluirPrezado Macphee. Que bom encontrá-lo aqui, hoje estou lecionando em Coimbra, mas estivemos juntos
ResponderExcluirem Harvard no ano de 2006, lembro-me de voce como
o segundo brasileiro na classe, ou estou enganado? Seu pai permanece no consulado em New York? estou passando uns dias em Marília, se voce
postar seu endereço, posso visitá-lo, pois ficarei aqui como Professor convidado até Setembro. Quanto aos seus comentários acima agradeço. Mas continua achando que a cultura em nosso País, necessita de um grande choque, Talvez as lições de Paulo Freyre se aplicada poderia resover esse problema. Abraços.
Luiz Alfredo
Tah certo, o Estado não cumpre mesmo o seu papel, mas o que seria de nós sem o estado?Ruim com ele, pior sem ele, a reflexão deve ser: Vamos melhorar o Estado? Mas então vamos votar bem nas próximas eleições.pois do contrário a culpa será sempre nossa também.
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