UM SEQÜESTRO NADA CONVENCIONAL!

Comunicação falsa de crime é um delito previsto no Código Penal Brasileiro, em seu artigo 340 que diz:”Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena- detenção, de um a seis meses, ou multa”. Pois bem, pode até parecer gozação, mas isso ocorre com muita freqüência na nossa sociedade, para ilustrar vamos narrar um caso que ocorreu algum tempo atrás em uma cidade vizinha, um “jovem empresário” passando por dificuldades financeiras, pois segundo ele, a sua mulher era “muito gastona”, segundo suas palavras, pois gastava com “frivolidades”, tudo o que ele ganhava, resolveu descontar na sogra, pois “ a véia” era a culpada porque não soube educar a moça, então tramou o próprio seqüestro, e sumiu, deixando a família em polvorosa. Passados dois dias disfarçando a voz, fez a primeira ligação para a sogra, sabendo que ela tinha umas economias na poupança, uma “bagatela de R$ 500.000,00 de uma parte de herança que havia recebido. E nessa sua primeira conversa, disse que era um bandido da pesada, e que “o seu gerro tah comigo”, e se não pagar R$ 200.000,00 em três dias “ eu vou mandá um pedaço da oreia dele pro cê”. A coitada pega de surpresa, pediu um dia para pensar, e no dia seguinte bem cedo, recebeu novo telefonema: E daí? “Vai pagá ou num vai?”, foi quando a boa velhinha disse que pagaria sim, mas como seria feita a troca, do “genro” pela grana? Foi quando o moço fez as indicações, dos lugares, onde ela deveria colocar o dinheiro. Aí disse a sogra: Ah seu moço, nesses lugares aí eu não vou não, eu vou entregar para minha filha que é casada com o desaparecido, e ela vai levar onde o senhor está mandando. Foi aí que o seqüestrado/empresário/bandido, levou o maior susto, pois sabia que aquela grana nas mãos de sua mulher seria um perigo, ela iria é gastar tudo. Vendo que o plano não daria certo, o “seqüestrado” se apresenta ao delegado de polícia, e aos prantos vai logo dizendo que estava seqüestrado, conseguiu driblar os bandidos e fugir do cativeiro em Ilha Comprida. Quando indagado pela autoridade, de que forma conseguiu chegar até aquela cidade, sem sofrer um arranhão, o cidadão responde que retornou “a pé em um dia” do cativeiro, fugindo pelo meio do mato. Nesse momento, sem pensar duas vezes, segundo fontes policiais, o delegado, com certeza da mentira engendrada, foi logo dizendo... Então vamos fazer a reconstituição do crime, vossa senhoria retorna “a pé” pelo mesmo caminho e nós vamos com a equipe de criminalística atrás, e com certeza, os bandidos serão presos... O “seqüestrado” percebendo a armadilha, confessou a mentira, entendendo que era melhor ir preso, do que correr por mais de 200 quilômetros no meio do mato. É como diz o velho brocardo: “é mais fácil pegar um mentiroso, do que um manco”, foi enquadrado, pagou uma pequena fiança, para responder o processo em liberdade, e foi correndo para a casa da sogra, temendo que ela entregasse o dinheiro para sua esposa, que por certo iria fazer a maior festa no Shopping e após dar a mais esfarrapada história para a sogra, retornou a vida conjugal, mas sem confessar para a família que estava enquadrado no artigo 340 do Código Penal por comunicação falsa de crime, e colocou a culpa na polícia por não ter acreditado na sua versão, vítima que foi e ao mesmo tempo um herói moderno e de verdade. Com a palavra a defesa, agora!