Deixei, deliberadamente, para depois o
compartilhamento, neste espaço, das impressões sobre a passagem dos 50 anos do
golpe militar e da vigência por outros 21 do regime de exceção. Parece que o assunto
restou esgotado, tantas foram e têm sido as abordagens. Assistimos a
manifestações, debates, retomada de fatos históricos, testemunhos de pessoas
que sofreram, análises mais ou menos aprofundadas. Pertenço, como tantos, a uma geração que foi
compreender a dimensão do que houve bem depois. Até por força da idade, não
acompanhei o clima de tensionamento, o terror. Lembro, inclusive, que o 31 de
março era data comemorada nas escolas (por imposição, é bem verdade). Os alunos
perfilavam-se para cantar o Hino Nacional e praticar o ufanismo levantando a
bandeira do Brasil em cumprimento à estratégia traçada pelo aparato então
vigente. O legado que essa página da
história recente do país deixou precisa ser avaliado tanto a partir das causas
quanto dos efeitos que o desencadearam. Marx diz que a história é cíclica e se
repete. E é verdade. A tomada do poder pelos militares foi engendrada dentro de
um projeto mais amplo e pouco, ou quase nada, teve a ver com o restabelecimento
da ordem, do respeito às instituições. Esse mote funcionou como marketing e
abriu campo para o autoritarismo, para a supressão das liberdades e à
perseguição daqueles que se contrapunham ao modelo. Não por acaso, o governo de
exceção foi pródigo em estabelecer parcerias com grupos multinacionais que para
cá vieram, conforme o discurso oficial “promover o desenvolvimento”. O acordo
com a Alemanha que resultou no programa nuclear é mais emblemático dos
exemplos. As mesmas companhias que levaram adiante o empreendimento continuam
no país. Estendem seus tentáculos arrebanhando lucros estratosféricos e
promovem, agora, mais do que o desenvolvimento. Basta acompanhar o que acontece
no escândalo que a mídia batizou de “propinoduto do tucanato paulista”, esquema
de corrupção que envolve a expansão das linhas do metrô e da CPTM. O mal que o
golpe de Estado (expressão que alguns rejeitam e até demonizam) fez foi
estabelecer um clima de insegurança, foi roubar a dignidade cívica. Foi
censurar e impedir que se praticasse a liberdade pensar, de ter ideias
próprias. Foi cercear o direito de ir e vir, de se reunir, de se expressar. Foi
negar vigência à Constituição. E é para
banir o risco de que tudo isso volte que o aniversário da Revolução precisa ser
discutido e ponderado. Não se trata de alarmismo, mas a possibilidade de que
mergulhemos na mesma escuridão daquela época é latente. A proposta do
plebiscito para redução da maioridade penal, a tentativa de “regulamentar”
passeatas e protestos e a derrubada da exigência do diploma para o exercício da
profissão de jornalista, entre outros absurdos, podem ser consideradas crias da
ditadura. Aqui mesmo, entre nós, bem
mais perto, assistimos a exemplos emblemáticos. Que o digam os que tentaram
organizar atividade lúdica na praça central e foram barrados pela Guarda
Municipal, só para citar uma passagem. Esses e outros assuntos constaram da
agenda encampada pela diretoria da subseção Sorocaba da OAB quando à frente
dela estivemos. Não podemos, agora, nos descuidar. A saúde civil da população
exige cautela. E sendo assim não podemos permitir que esse período de 50 anos
do golpe, venha afligir novamente a Pátria
mãe, até porque "mamãe está fazendo 50 anos"! Que o diga o "Zé
do cachimbo", "POPEYE", seja já lá o nome do raio que "o parta" o embusteiro de uma figa,
que com sua cara de idiota infelicitou "mamãe", a Pátria, lógico!
sexta-feira, 4 de abril de 2014
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a minha fez 75 anos. aaaaaaaaaaaa.feliz aniversário para as duas. anônimo do anonimato.
ResponderExcluirEsse nosso país não tem jeito, e a culpa é do povo brasileiro, onde já se viu esse pessoal pedindo militares de volta para dirigir o Brasil? Porque quem pensa assim, não vai embora para cuba? Jorge Miguel. Sorocaba. Universidade Anhanguera de Sorocaba. Administração.
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