UMA ILHA
DE EXCLUSÃO CHAMADA HABITETO!
Por volta do final
da década de 50, começo da de 60, os calçadões da zona sul do Rio de Janeiro
eram ocupados por ambulantes e trabalhadores informais que buscavam
oportunidades de inserção social. A região onde ficam os bairros de Copacabana,
Ipanema e Leblon experimentava os efeitos do crescimento e adquiria status de
lugar nobre. Era, pois, para alguns, inadmissível que aquelas pessoas e suas
barracas ali permanecessem contrastando com a estética urbanística,
desvalorizando o espaço. A toque de caixa, tiveram os vendedores de sair e, sem
dispor de melhor alternativa, subiram o morro. O desfecho dessa história, para
os que não sabem, nada teve de feliz. Lá de cima, os excluídos se organizaram e
passaram a agir por conta própria. Hoje, passados praticamente 50 anos,
divididos em facções criminosas, eles ditam a agenda do município. Vez em
sempre entram em confronto com a polícia e disparam balas que, perdidas,
vitimam inocentes. Se os amigos que nos acompanham neste espaço encontraram
semelhanças entre o que houve e o que está havendo em Sorocaba no presente
momento, podem estar certos de que não se trata de mera coincidência. Na nossa
cidade, amigos, tem um local que há alguns anos foi escolhido para acomodar
famílias que ocupavam áreas de risco. Ao menos foi isso que o governo do
município divulgou quando procedeu a transferência dos desabrigados para o
conjunto Ana Paulo Eleutério, ou Habiteto, como é mais conhecido. Vendido como
"o mais arrojado projeto habitacional de que se teve conhecimento", o
deslocamento acabou por criar, na prática, uma ilha de exclusão. Consta que as
famílias lá chegaram e receberam madeirites para erguer os barracos em meio ao
barro do terreno. A estrutura viria depois. Ao varrer a sujeira para debaixo do
tapete, a administração acentuou as desigualdades e escancarou falhas gritantes
de suas políticas públicas, além de agir orientada por absoluta falta de
sensibilidade social. Em nossa gestão à frente da OAB Sorocaba fizemos várias
visitas ao Habiteto, nos manifestamos na imprensa naquela ocasião. O quadro que
lá observamos era fruto do descaso, da omissão e do menosprezo. Um conjunto de
ações cuidou, com o tempo, de mudar a conformação do bairro e dotá-lo de
melhorias. Casas foram construídas, serviços implantados. O problema é que
anestesiaram o paciente e se esqueceram de operá-lo. O adensamento ganhou
amplitude e para lá se deslocaram também outras vítimas da prática excludente
que encontraram terreno fértil para delinquir. Tal como aconteceu nos morros
fluminenses, o Habiteto abriu espaço para a criminalidade. É bem verdade que
poucas vezes o local foi palco de confrontos. Na quinta-feira, porém, um
protesto organizado contra a morte de dois adolescentes, acabou por colocar no
campo de batalha policiais e manifestantes. Conforme noticiado, houve troca de
tiros ( não bem explicada para mim e tenho dúvidas mesmo se "troca de
tiros aconteceu") e, por pouco, não assistimos a uma tragédia. Crônica da
morte anunciada, profecia cumprida, o que se viu no bairro exige que todos,
indistintamente, repensemos a realidade. É preciso que a cidade passe a
priorizar o atendimento das demandas sociais. Estamos muito perto de dar razão
ao que o senso comum diz: que a periferia é o foco da criminalidade. O mesmo
poder público que criou esse monstro, a partir de ações e diretrizes
desastrosas, tem o dever de agir para minimizar e até reverter os efeitos de
sua própria conduta, cuidando dos pacientes, tratando de suas feridas e jamais procurando pretexto para
assassinar. Até parece que foi criada uma "faixa de gaza" em Sorocaba. É o mínimo que a sociedade exige,solução urgente!!!!
Onde e quando pobre tem ou teve vez nesse país chamado Brasil? anônimo.
ResponderExcluirSorocaba sempre foi madrasta e padrasto de seus filhos, e daqueles que batem com mãos de ferro. Judia do povo ordeiro que trabalha e deixa a malandragem correr solta no centro da cidade. Os filhinhos de papai tudo podem. José Augusto, do habiteto, sim senhor.
ResponderExcluirInjustiça é o nome! Moro aqui e não posso me identificar e sou polícia.anônimo.
ResponderExcluirLembram dos judeus na segunda guerra mundial, quando foram confinados em campo de concentração como se fossem os párias do mundo? O que é o habiteto, senão um "moderno" tratamento nazista? E nossas autoridades constituídas batem no peito porque "não tem favela em Sorocaba". Aquilo lá é pior do que favela. Osni. Estudante de psicologia na Usp.
ResponderExcluirEsse caos social foi criado pela elite maldosa de Sorocaba. Gabriel. Sorocaba.
ResponderExcluirFaixa de Gaza em Sorocaba? Romildo Barcelos Swan. Itaipava.
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