Joel de Araujo Advogados

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quinta-feira, 6 de março de 2014

O RÁBULA CARAPINHA E O FILME 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO!

“Se somos livres no coração, não haverá correntes feitas pelo homem com força suficiente para sujeitar-nos. Mas, se a mente do oprimido é manipulada (...) até o ponto dele se considerar inferior, não será capaz de fazer nada para enfrentar o seu opressor, (Steve Biko.)
O RÁBULA CARAPINHA
Os sete anos de escravidão impostos a Luiz Gama, um dos mais combativos nomes da causa abolicionista do Brasil!
                                   Amigos,

                                   Devo confessar que não sei se Luiz Gama passou ou não por Sorocaba durante sua militância a favor da causa abolicionista. Tive o interesse despertado pelo assunto ao ler reportagem veiculada na imprensa sobre as semelhanças entre seu histórico de vida e o do também negro Solomon Northup. Este último tornou-se protagonista do filme “12 Anos de Escravidão”, que no domingo ganhou o Oscar na categoria principal do prêmio, reconhecendo o talento do diretor Steve McQueen (outro afrodescendente). Mal vejo, aliás, a hora de assistir à produção que ainda não entrou em cartaz nos cinemas locais. O fato é que, além de tudo, Luiz Gama soube dar à laboriosa profissão do advogado uma dimensão que a dignifica. Registra a história que era ele filho de escrava livre. De origem africana, sua mãe, ativista e personagem de proa do movimento chamado Revolta do Malês, acabaria exilada por conta de seus ideais políticos. Contava Luiz, então, com dez anos de idade. O destino, nem sempre benevolente, o conduziu ao martírio de ser vendido pelo próprio pai a um alferes proprietário de uma fazenda no município de Lorena, em São Paulo. Solomon Northup, cuja passagem foi contada na produção para a tela grande, também nasceu livre e acabou sequestrado para trabalhar nas plantações de algodão do Estado da Lousiana. Durou sete anos o martírio de Luiz Gama, já que, ciente da ilegalidade de sua condição, cuidou ele de fugir. Antes, aprendeu a ler e a escrever. Ingressou no Exército e estudou por conta. A aplicação e o autodidatismo o elevariam à condição de jurista sem que nunca tivesse frequentado curso específico. E foi assim, formado na vida, talhado no próprio sofrimento e no de seus irmãos, que Luiz Gama encampou a causa da abolição. Jornalista, poeta, escritor foi incansável e muito fez para terminar com o tráfico negreiro. Sim, para os que não sabem, detém o Brasil o nada honroso recorde de ter sido o país que mais trouxe escravos da África. Consta que teriam sido mais de 400 mil.  Gama, tanto quanto outros idealistas, batalharam pela edição de lei de 1831 que, em razão de sua ineficácia, acabaria sendo chamada de “lei para inglês ver”. Somente em 1850, outra norma, que levou o nome de Euzebio de Queiroz, acabaria com a prática abominável. Morreu Luiz Gama em 1882 sem ter concretizado o sonho da abolição da escravatura no país. Ficam dele o exemplo de determinação, perseverança e sede de justiça próprio dos que abraçam o sacerdócio da advocacia. Luiz Gama comprovou, na prática, mesmo na condição de rábula, que onde falta o advogado campeia a injustiça. Foi também orientado por esse ideário que tive o privilégio de presidir, por dois mandatos, a subseção Sorocaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). E, com o apoio da diretoria que conosco trabalhou, conseguimos prestigiar a classe, conferindo-lhe o grau de importância que sempre fez por merecer. Que isso possa, então, continuar.

4 comentários:

  1. E quem diz que não temos heróis? Osvaldo Guerra. Sorocaba

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  2. É a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida? anônimo.

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  3. AMIGO JOEL. PRECISAMOS DE GENTE COMO VOCÊ NA FRENTE DA OAB SOROCABA. MARCOS ALEXANDRE .ADVOGADO EM SOROCABA

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  4. O Brasil, infelizmente vive à sombra de seus heróis do passado que com toda certeza na época não tiveram o merecido reconhecimento. A mania de nós brasileiros é somente de reconhecer o valor da pessoa apenas muitos anos depois. Será que Luiz Gama, tem algum parente vivo? Francisco Martins. Sorocaba.

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