“Se somos livres no coração, não haverá correntes feitas pelo homem com
força suficiente para sujeitar-nos. Mas, se a mente do oprimido é manipulada
(...) até o ponto dele se considerar inferior, não será capaz de fazer nada
para enfrentar o seu opressor, (Steve Biko.)
O RÁBULA CARAPINHA
Os
sete anos de escravidão impostos a Luiz Gama, um dos mais combativos nomes da
causa abolicionista do Brasil!
Amigos,
Devo
confessar que não sei se Luiz Gama passou ou não por Sorocaba durante sua militância
a favor da causa abolicionista. Tive o interesse despertado pelo assunto ao ler
reportagem veiculada na imprensa sobre as semelhanças entre seu histórico de
vida e o do também negro Solomon Northup. Este último tornou-se protagonista do
filme “12 Anos de Escravidão”, que no domingo ganhou o Oscar na categoria
principal do prêmio, reconhecendo o talento do diretor Steve McQueen (outro
afrodescendente). Mal vejo, aliás, a hora de assistir à produção que ainda não
entrou em cartaz nos cinemas locais. O fato é que, além de tudo, Luiz Gama
soube dar à laboriosa profissão do advogado uma dimensão que a dignifica.
Registra a história que era ele filho de escrava livre. De origem africana, sua
mãe, ativista e personagem de proa do movimento chamado Revolta do Malês,
acabaria exilada por conta de seus ideais políticos. Contava Luiz, então, com
dez anos de idade. O destino, nem sempre benevolente, o conduziu ao martírio de
ser vendido pelo próprio pai a um alferes proprietário de uma fazenda no município
de Lorena, em São Paulo. Solomon Northup, cuja passagem foi contada na produção
para a tela grande, também nasceu livre e acabou sequestrado para trabalhar nas
plantações de algodão do Estado da Lousiana. Durou sete anos o martírio de Luiz
Gama, já que, ciente da ilegalidade de sua condição, cuidou ele de fugir.
Antes, aprendeu a ler e a escrever. Ingressou no Exército e estudou por conta.
A aplicação e o autodidatismo o elevariam à condição de jurista sem que nunca
tivesse frequentado curso específico. E foi assim, formado na vida, talhado no
próprio sofrimento e no de seus irmãos, que Luiz Gama encampou a causa da
abolição. Jornalista, poeta, escritor foi incansável e muito fez para terminar
com o tráfico negreiro. Sim, para os que não sabem, detém o Brasil o nada
honroso recorde de ter sido o país que mais trouxe escravos da África. Consta
que teriam sido mais de 400 mil. Gama,
tanto quanto outros idealistas, batalharam pela edição de lei de 1831 que, em
razão de sua ineficácia, acabaria sendo chamada de “lei para inglês ver”.
Somente em 1850, outra norma, que levou o nome de Euzebio de Queiroz, acabaria
com a prática abominável. Morreu Luiz Gama em 1882 sem ter concretizado o sonho
da abolição da escravatura no país. Ficam dele o exemplo de determinação,
perseverança e sede de justiça próprio dos que abraçam o sacerdócio da
advocacia. Luiz Gama comprovou, na prática, mesmo na condição de rábula, que
onde falta o advogado campeia a injustiça. Foi também orientado por esse
ideário que tive o privilégio de presidir, por dois mandatos, a subseção
Sorocaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). E, com o apoio da diretoria
que conosco trabalhou, conseguimos prestigiar a classe, conferindo-lhe o grau
de importância que sempre fez por merecer. Que isso possa, então, continuar.
E quem diz que não temos heróis? Osvaldo Guerra. Sorocaba
ResponderExcluirÉ a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida? anônimo.
ResponderExcluirAMIGO JOEL. PRECISAMOS DE GENTE COMO VOCÊ NA FRENTE DA OAB SOROCABA. MARCOS ALEXANDRE .ADVOGADO EM SOROCABA
ResponderExcluirO Brasil, infelizmente vive à sombra de seus heróis do passado que com toda certeza na época não tiveram o merecido reconhecimento. A mania de nós brasileiros é somente de reconhecer o valor da pessoa apenas muitos anos depois. Será que Luiz Gama, tem algum parente vivo? Francisco Martins. Sorocaba.
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