Joel de Araujo Advogados

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

A LIÇÃO DO DESEMBARGADOR DE JUSTIÇA!


Vale a pena ler e refletir.

Recebi de uma amigo e passo para a frente essa lição de vida, que é a Decisão do Desembargador José Luiz Palma Bisson, do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferida num Recurso de Agravo de Instrumento ajuizado contra despacho de um Magistrado da cidade de Marília (SP), que negou os benefícios da Justiça Gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de ser atropelado por uma motocicleta. O menor ajuizou uma ação de indenização contra o causador do acidente pedindo pensão de um salário mínimo mais danos morais decorrentes do falecimento do pai. Por não ter condições financeiras para pagar custas do processo o menor pediu a gratuidade prevista na Lei 1060/50. O Juiz, no entanto, negou-lhe o direito dizendo não ter apresentado prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por "advogado particular". A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do voto do Desembargador Palma Bisson é daquelas que merecem ser comentadas, guardadas e relidas diariamente por todos os que militam no Judiciário.

Transcrevo a íntegra do voto:

“É o relatório.
Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro - ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna. Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai - por Deus ainda vivente e trabalhador - legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido. É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina. Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é. O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante. Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres. Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d'água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou. Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos... Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir. Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal. É como marceneiro que voto.

JOSÉ LUIZ PALMA BISSON -- Relator Sorteado”

É mais uma lição que me faz crer que ainda existem seres humanos na face da terra, nem tudo está perdido e nem tudo é perversão, apesar disso aqui haver se transformado em uma "Sodoma e Gomorra", essas raras pessoas feitas, criadas e plasmadas à semelhança do nosso DEUS ETERNO, tem sido o impedimento de terrível sofrimento a raça humana! Creio nisso...

16 comentários:

  1. Maravilhosa lição. ah se todos os juizes fossem
    assim, igual o desembargador que, pensa, raciocícia, bem entendido, é humano. Quem sabe o
    outro comece a aprender agora, ainda da tempo!

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  2. Quem fizer o melhor comentário, estará concorrendo a um LAPTOP "Zero Bala". Palavra de Joel!

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  3. Já havia visto este julgado do Tribunal de Justiça de são Paulo, e realmente é uma lição
    para aqueles magistrados que nuna ca advogaram
    e também para advogados que nunca fazem caridade,
    eis aí um exemplo para dignificar o ser humano e
    trazer na advocacia de volta ao humanismo.- apenas um advogado.

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  4. Será que todos os juizes não deveriam terem
    formação humanística, ou seja conhecer exemplos
    iguais a este anunciado no Blog, antes de tomar
    qualquer decisão? Mesmo em uma sentença saber das
    dores das pessoas, em especial daquelas que
    pedem e clamam por justiça já não bastaria? Ou deve sempre prevalecer o texto frio da lei? Mas
    vejo que nesse caso, nem a lei foi observada pelo
    Juiz. Será que foi ele, realmente, o autor do despacho que provou a preciosa resposta do Dr. Desembargador, ou foi um serventuário qualquer?

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  5. pois é pois é pois é pois é

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  6. O Juiz de primeiro grau bem que merecia umas
    Palmadas, aliás acho que levou!

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  7. Sou advogado e vivo dessa honrada profissão que
    últimamente não tem sido levada a sério por
    ninguém, salvo raras exceções, mas é a mais pura
    verdade, e é incomum ver um Desembargador de Justiça, fazer um pronunciamento tão oportuno. Ao mesmo tempo que relembra suas raízes, faz de
    forma indireta um elogio ao advogado que não se
    preocupa somente com dinheiro, e faz caridade
    também, surgindo aí a demonstração plena, que os
    advogados que se preocupam com os miseráveis, tornam a nossa profissão humanista de verdade.
    .- Dr.Germano/ um advogado, que não concorre a prêmio pela manifestação, mas admira a oportuna
    publicação.

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  8. Palma Bisson, o grande! Nem mesmo a OAB fez para
    a classe o que esse dígno homem fez e faz, ao
    demonstrar a humanidade dessa bela profissão. Afinal,demonstra ele que nem todos os advogados estão fazendo "tudo por dinheiro", parabens ao colega Advogado de Marília, também que soube reclamar no Tribunal de Justiça.

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  9. Pelo fato de existir poucas pessoas boas hoje em
    dia, quando aparece uma "grande alma" como do...
    Desembargador Palma Bisson, surge juntamente a
    grande surpresa. O fato bom deveria ser a regra,.
    mas infelizmente virou exceção, atualmente vale..
    mais os escândalos e o mau exemplo, são esses que
    têm espaços na mídia. João Clímaco/Votorantim.

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  10. Bom e humano Desembargador autor da decisão, que Deus o ilumine sempre que se deparar com uma causa de um pobre coitado, independente do pedido ou da acusação. Rogo para que continue sempre vendo as pessoas com olhos humanos. Deodato Fortunato/Sorocaba.

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  11. será verdade o que vejo? afinal os juizes não são deuses? agora para demonstrar que são quase, aparece o desembargador dizendo que "é filho de carpinteiro". será que ele quer se parecer com alguém muito conhecido da humanidade?

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  12. Bela elaboração da tese, grande ser humano esse desembargador, pobre garoto vítima por duas vezes
    a primeira quando perdeu o pai, a segunda quando a sua causa "caiu" em desumanas mãos do poder judiciário de sua cidade, porém veio a Justiça através de nosso tribunal de Justiça,portanto dá para afirmar que ainda existe juizes de verdade e que lutam pelo direito, como também bons advogados que sabem à que vieram.
    Antonio Souto Mascarenhas:- Advogado.

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  13. Paulo marmita diz: Bah, são uma cambada de frescos, esses advogados que pensam que sabem
    tudo, mas sabem mesmo é tomar o nosso dinheiro!

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  14. Gente, é hora de pensar. Vale a pena ir até a Justiça através de assistência Judiciária ou é
    melhor procurar uma alma caridosa em um escritório de advocacia particular? Será que haverá a mesma dedicação?

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  15. O Acórdão ( decisão do tribunal)é uma bela lição
    de vida. E de como aplicar o direito. Tche.

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  16. O que se vê nesse artigo é coisa de gente que tem coração, gente que faz alguma coisa pelo próximo, e não aqueles que só contam vantagens,
    e nada fazem.

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